quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A SOMBRA DE UM JATOBÁ - TOQUINHO

by Oswaldo Paião

A gente deve viver como pode, mas a maioria de nós vive como não pode. Nas palavras de Mário Quintana: “Louco é quem não procura ser feliz com o que tem.” 

Somos assim, e não é de hoje; antes mesmo de sermos picados pelo Mal, já tínhamos um coração cobiçoso – queremos sempre mais do melhor segundo nosso olhar ilusório, influenciável e um entendimento parcial de tudo – 

apesar da fartura ao nosso redor naquele Jardim no qual fomos criados para desfrutar, eternamente, da natureza e de todos os divinos prazeres , em nosso coraçãozinho meigo pulsava também a avareza – apego excessivo ao que é nosso, ao conquistado; a sovinice, essa falta de generosidade que não necessitada de maiores explicações, 

a gente verá muitos exemplos nítidos e bem práticos ao longo desse dia: desde a maneira despótica e arrogante como o Estado, e o governo nos trata (muito distante do que seria o trato de uma “mãe gentil”), até em nossa própria casa, com nossos queridos mais próximos. 

Não se assuste, como dizia Nelson Rodrigues: “É a vida como ela é.” Contudo, você pode indagar: “Mas se antes da Queda a gente já tinha um coração cobiçoso, invejoso e muquirana, então a culpa é de Deus?” Isso mesmo. Somos criação de Deus, que nos fez pouco abaixo dos anjos, como semideuses, bem mais à Sua semelhança do que até hoje acreditamos. 

A cobiça, originalmente, nada mais é do que a volitude, a capacidade de se desejar o bem e o progresso em todos os sentidos; o seu lado mau é quando desejamos só pra nós, para sermos melhores que outros, para esnobar; apenas pelo prazer de ter e ter muito, pouco se lixando se alguém ficou a zero porque tiramos ou cooperamos para se tirar tudo dessa pessoa – 

esse conceito vale para o amor também, mas, como dizia Monteiro Lobato: “essa é uma outra história que fica para um outro dia” – não deveríamos exaurir ninguém (nos negócios, nem muito menos na vida), nem nossos inimigos – apenas as aranhas e algumas víboras sugam todas as entranhas de suas presas e largam a casca de suas vítimas ao vento, penduradas em suas teias de astúcia e caça – 

a cobiça, em si, não é má também; ela é apenas mais um dos aspectos da nossa liberdade de personalidade e escolha, da plena disposição que Deus criou em nós de poder pensar um futuro melhor, mais rico – no sentido mais amplo do termo - mais útil, mais confortável. 

Ela só é nociva quando se volta exclusivamente para o umbigo de cada um de nós; ficamos neuroticamente apaixonados pelo nosso próprio Eu, e nos tornamos ególatras, quando então, ocupamos o trono que pertence a Deus no centro da nossa própria alma e começamos a distribuir ordens a nós mesmos e a todos à nossa volta custe o que custar em função dos nossos desejos, taras e vontades. 

Do mesmo modo, a avareza, é o outro braço do caráter humano; em princípio, apenas a capacidade de pouparmos, de criarmos reservas para os tempos de vacas magras, um jeito de nos protegermos e garantirmos a espécie – já que vivemos no deserto. 

Entretanto, o mal é extremamente peçonhento, e sem controle, a avareza vira nas veias da raça humana, contaminada pelo Mal, a loucura do “tudo é meu, tudo é pra mim, eu sou o dono da bola” – falando assim, parece brincadeira, mas passe rapidamente os olhos pela História e veja; hoje mesmo, nos noticiários, será possível confirmar essa atitude nos lideres da maioria dos países e povos do mundo e em nosso dia a dia; seria cômico se não fosse trágico. 

Como dizia Fernando Pessoa: “Paro, às vezes, à beira de mim próprio e pergunto-me se sou um doido ou um mistério muito misterioso.” O shiur de hoje é apenas um toque em nossa memória afetiva, que é a mais importante, para restaurarmos o verdadeiro valor e poder das características divinas do desejo, do prazer e da generosidade em nossas almas. 

Amar sempre nos fará sofrer nesse mundo já todo tomado pelo mal do egoísmo e da perversidade; mas como bem sabem as mães, em geral, “amar é padecer no paraíso”. Não existe alegria solitária, eremita, isolada; não existem proteção e segurança nos encastelamentos; é no sair pra vida, abrir-se às pessoas, aos relacionamentos... é no partir e repartir do pão que acontece a festa, 

a celebração do mais importante dos dons compartilhados por Deus com toda a Sua natureza e o ser humano: o Amor, que, em última análise, é a essência, a própria Pessoa de Deus. Como bem concluiu Shakespeare: “Todos querem viver no alto da montanha, mas a felicidade acontece quando a estamos escalando.” 

Paulo foi uma pessoa que, depois do seu encontro com Jesus, o Espírito de Deus, pode dizer essas palavras com o coração pleno de alegria mesmo em meio às dificuldades da terra: “Pois eu recebi do SENHOR Jesus o que também vos entreguei: que o SENHOR Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, logo após haver dado graças, o partiu e disse: ‘Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isso em memória de mim.” (1Co 11.23-24 KJA). Bom dia! 

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